CASARIN, Sonia (2015). A arte como ato social e como ato cognitivo. Pós-doutorado em Psicologia Educacional – Centro Universitário FIEO, Osasco / SP.
Resumo:
Este estudo teve como objetivo analisar a arte como ato social e como ato cognitivo de pessoas com síndrome de Down. As artes visuais têm sido ofertadas como atividade de rotina para pessoas com síndrome de Down desde infância até a idade adulta. Essas atividades na maioria das vezes são consistem em cópia de obras de outros artistas, pintura de contornos pré-determinados ou simples livre expressão, realizadas com pouca orientação técnica; os resultados esperados mostram a baixa expectativa dos educadores e profissionais em geral no que diz respeito à qualidade das obras realizadas por essa população. Vygotsky (2006) realizou estudos sobre a psicologia da arte e observou que a arte faz parte do desenvolvimento humano e desempenha um papel importante na aquisição das funções mentais tipicamente humanas.
Embora percepção, atenção e memória estejam presentes em outros animais, a atenção voluntária, a construção de significados, a imaginação, são exemplos de funções que aparecem somente no ser humano e a arte é um meio privilegiado para estimulá-las. Eisner (2002) apontou Vygotsky como um pioneiro no entendimento da arte como um ato social e cognitivo e continuou os estudos confirmando que a atividade artística pode proporcionar mais do que a reprodução ou a livre expressão, pois oportuniza o aprimoramento da percepção, da atenção, da imaginação, e constitui um modo de conhecer o mundo.
De acordo com Eisner, a arte é um paradigma que pode contribuir para um novo modo de conhecer o mundo, um modo em que a descoberta acontece no fazer, na flexibilização de objetivos, na descoberta de materiais e estratégias durante a ação, e pode levar a uma nova percepção do mundo externo e do mundo interno. Conclui-se que a arte utilizada como meio de estimular o desenvolvimento social e cognitivo amplia as possibilidades de realização de pessoas com síndrome de Down, que nessa atividade podem atualizar seu potencial individual e desenvolver as funções cognitivas, particularmente, percepção, atenção, memória e imaginação, além de ampliar seu grupo social por meio da participação em oficinas e exposições coletivas.
Certamente, a arte realiza uma função psicológica e social importante no desenvolvimento de todas as crianças, e modo particular às crianças do grupo Down. No entanto, esse desenvolvimento pouco evolui se tais pessoas ficarem pintando… desenhando, entregues a si mesmas! Vygotiski defende que um bom ensino é aquele que se antecipa ao desenvolvimento para promovê-lo. Portanto, as expressões artísticas espontâneas das crianças devem servir aos educadores como meio para o desenvolver capacidades cognitivas relacionadas ao pensamento abstrato, que, em geral, parecem ser um aspecto frágil nas crianças com T21. A nossa pedagogia, portanto, em cada uma das áreas do conhecimento, deveria sempre ter esse alcance: a mobilização do pensamento abstrato! Nesse sentido, sugerimos conversar com as crianças sobre seus desenhos, pinturas, grafismos, etc. , fazer-lhes perguntas…e, ter paciência para escutar suas narrativas, antes de lhes fazer novas perguntas, ou de lhes solicitar outras tarefas. Enfim, penso que, o trabalho do educador se intensifica, justamente no momento em que a criança “mostra-lhe a atividade concluída”! Hora de uma boa conversa pedagógica com a criança sobre a sua arte! Jamais para dizer-lhe o que está “certo ou errado”, mas sim com o intuito de ajudá-la a evoluir nas suas percepções, imaginação, atenção, imitação, inventividade, e várias outras capacidades importantes para o seu desenvolvimento afetivopsicológico, intelectual e social!
Olá, Elida!
A Arte é um grande recurso, particularmente para o desenvolvimento de pessoas com Síndrome de Down, mas ainda é pouco e precariamente aproveitado.
Agradeço seu comentário.
Sónia Casarin