PERGUNTAS FREQUENTES

O que é a Síndrome de Down?

Síndrome de Down é uma alteração cromossômica que causa um atraso do desenvolvimento, tanto das funções motoras do corpo, como das funções mentais. Um bebê com Síndrome de Down é pouco ativo, molinho, o que chamamos hipotonia. A hipotonia diminui gradativamente, e a criança vai conquistando, geralmente mais tarde que as outras, as diversas etapas do desenvolvimento: sustentar a cabeça, virar-se na cama, engatinhar, sentar, andar e falar. Posteriormente, pode frequentar a escola, trabalhar e ter relacionamentos afetivos e sociais.

Quais são os sinais?

Há sinais físicos que acompanham, em geral, a Síndrome de Down, e por isso ajudam a fazer o diagnóstico. Os principais sinais físicos no recém-nascido são:
– Hipotonia
– Abertura das pálpebras inclinada com a parte externa mais elevada
–  Prega da pálpebra no canto interno dos olhos como nas pessoas da raça amarela, por   exemplo japoneses
–  Língua protusa (para fora da boca)
– Prega única na palma das mãos

Há outros sinais físicos, mas variam de bebê para bebê.

Qual é a frequência da síndrome na população?

Estima-se que 0,2% da população tem Síndrome de Down, que é relativamente frequente: a cada 550 bebês que nascem, um tem a Síndrome.

Qual é a causa?

A alteração conhecida é cromossômica. Toda pessoa tem seu corpo formado por pequenas unidades chamadas células, que só podem ser vistas ao microscópio. Dentro de cada célula estão os cromossomos, que são os responsáveis por todo o funcionamento da pessoa. Os cromossomos determinam, por exemplo, a cor dos olhos, altura, sexo e também o funcionamento e forma de cada órgão interno, como o coração, o estômago e o cérebro.

Cada uma de nossas células possui 46 cromossomos que são iguais dois a dois, quer dizer, existem 23 pares ou duplas de cromossomos dentro de cada célula. Um desses pares de cromossomos, chamado de par número 21, é que está alterado na Síndrome.

A pessoa com Síndrome de Down possui um cromossomo 21 a mais, ou seja, ela têm três cromossomos 21 em todas as suas células, ao invés de ter dois. É o que chamamos de trissomia 21. Portanto, a causa da Síndrome de Down é a trissomia do cromossomo 21.

Como acontece a síndrome de Down?

Um bebê é formado a partir da união de uma célula reprodutora da mãe (o óvulo) e uma do pai (o espermatozoide). Quando um espermatozoide se junta com um óvulo forma-se a célula inicial de um novo ser. Ela se divide muitas vezes, dando outras células que, por fim, originam o bebê. As células reprodutoras são formadas em órgãos especiais: os ovários, na mulher, e os testículos, no homem.

As células reprodutoras, ao contrário das outras células do nosso corpo, têm 23 cromossomos diferentes (um de cada par), de modo que, depois da união do óvulo com o espermatozóide, a célula da criança terá 46 cromossomos.

Um bebê tem Síndrome de Down (trissomia 21) quando ocorre um erro na formação de uma das células reprodutoras (óvulo ou espermatozoide). Este erro não está sob controle de ninguém. A célula fica com um cromossomo de número 21 a mais do que deveria. O erro pode ocorrer também quando a célula inicial do bebê já se formou e, portanto, não depende das células de seus pais.

Quem pode ter um filho ou filha com a Síndrome de Down?

Qualquer casal pode ter um filho ou filha com SD, não importando sua raça, credo ou condição social. Entretanto, a chance de nascer um bebê com SD é maior quando a mãe tem mais de 40 anos.

Idade Materna (anos completos)    

Risco de ocorrência (por cento)
             15 a 34 0,05 a 0,02
             35 a 39 0,27 a 0,72
                 40 0,9
                 41 1,2
                 42 1,5
                 43 1,9
               44 2,4
             45 a 49 4,4

Tabela 1 – Risco de que um recém-nascido tenha Síndrome de Down, de acordo com a idade materna, no caso de mães que nunca tiveram uma criança com esta síndrome (ocorrência).

Problemas na gravidez podem causar a Síndrome de Down?

Dificuldades e problemas durante a gravidez não causam a síndrome de Down. No início da gestação, quando começa a se formar o bebê, já está determinado se ele terá SD ou não. Portanto, nada que ocorra durante a gestação, como quedas, emoções fortes ou sustos, pode ser a causa da síndrome.Também não se conhece nenhum medicamento que ingerido durante a gravidez cause a Síndrome.

Qual é o risco de um casal ter uma criança com Síndrome de Down?

O risco depende da Síndrome ser causada por trissomia simples ou por translocação. No caso da trissomia simples, o risco depende da idade da mãe. Isso porque a chance de acontecer um erro na formação do óvulo é maior com o aumento da idade da mãe. A tabela 1 indica o risco aproximado de nascimento de crianças com Síndrome de DownD, no caso de mães de diversas idades, que nunca tiveram uma criança com esta Síndrome. Para a translocação, se não existe outro caso na família, o risco é muito pequeno.

Se um casal já teve uma criança com Síndrome de Down, a chance de nascer outra com a mesma Síndrome depende do tipo de Síndrome de Down: translocação ou trissomia simples. Para a translocação, se ela estiver presente apenas na criança, ou seja, os pais têm cromossomos sem alteração, o risco do casal ter outro filho com a Síndrome por translocação é muito pequeno. Se um dos pais tiver a translocação, o risco de que venham a ter outra criança com a síndrome é determinado através do exame dos cromossomos. Geralmente, esse risco é cerca de 10%, mas em casos mais raros é de 100%.

Para um casal que já teve um filho com Síndrome de Down causada por trissomia simples, o risco de outra criança com a mesma síndrome aumenta em mais ou menos 1%.

A tabela abaixo indica o risco aproximado de nascimento de criança com Síndrome de Down, no caso de mães de diversas idades que já tiveram um filho com trissomia simples:

Idade (anos completos) Risco de recorrência (por cento)
15 a 34 1,05 a l,02
35 a 39 1,27 a 1.72
40 1,9
41 2,2
42 2,5
43 2,9
44 3,4
45 a 49 5,4

Tabela 2 – Risco de que um recém-nascido tenha Síndrome de Down, de acordo com a idade materna, no caso de mães que já tiveram um filho com trissomia simples (recorrência).

É possível fazer o diagnóstico antes do nascimento?

Existem exames que são feitos durante a gravidez, e que detectam algumas alterações do feto. Dentre estes, a amniocentese e a amostra de vilo corial são exames usados para estudo dos cromossomos do feto. Portanto, a trissomia do cromossomo 21, que causa a Síndrome de Down, pode ser detectada no período pré-natal. Mulheres com mais de 40 anos possuem um risco maior de ter um filho com Síndrome de Down e elas podem fazer um desses dois exames durante a gravidez. Esse aumento do risco não depende do número de filhos que a mulher já teve.

A Síndrome de Down é contagiosa?

A SD não pode ser transmitida de uma pessoa para outra. Ela é produzida por uma alteração que já está presente no início do desenvolvimento do bebê e não é transmitida por contato.

Há tratamento? A síndrome de Down tem cura?

Até o momento, não há cura, embora no mundo inteiro se façam pesquisas nesse sentido. A Síndrome de Down é uma alteração das próprias células, e não existem drogas, vacinas, remédios, escolas ou técnicas milagrosas capazes de curá-la. Porém, a pessoa com Síndrome de Down tem um potencial de desenvolvimento e podem ser realizados programas de estimulação que visam favorecer o desenvolvimento motor e intelectual da criança. Estes programas indicam melhoras no desempenho da criança durante os primeiros anos de vida, mas ainda não se sabe exatamente qual sua contribuição efetiva após esse período. Em outros momentos do curso de vida da pessoa que tem a Síndrome também é possível adotar medidas de intervenção, por exemplo na escola e no trabalho, que contribuem para a diminuição das limitações.

Essas intervenções não garantem a cura da Síndrome de Down, mas abrem as oportunidades para o desenvolvimento do potencial da pessoa.

Como é o desenvolvimento na síndrome de Down?

O desenvolvimento da criança com síndrome de Down ocorre em um ritmo mais lento que o das crianças sem a Síndrome. O bebê, devido à hipotonia, é mais quieto, tem dificuldade para sugar, engolir sustentar a cabeça e os membros. A hipotonia diminui à medida que a criança se desenvolve.

Embora haja atraso no desenvolvimento, isso não impede que a criança aprenda suas tarefas diárias e participe da vida social da família. A criança com Síndrome de Down pode, portanto, executar tarefas simples, mas a deficiência mental não permite que ela consiga resolver problemas abstratos, que são muito complicados para ela. Desse modo, pode haver dificuldade na aprendizagem da matemática e em atividades que exijam   raciocínio abstrato.

Estimulação

A maioria dos profissionais acredita que a estimulação precoce ajuda o desenvolvimento da criança. Os pais podem auxiliar muito a criança, brincando sempre com ela, mantendo-a em atividade, permitindo que ela tenha muitos estímulos, visuais, táteis e auditivos, por exemplo, com brinquedos e objetos de material, som e cor diferentes. Exercícios físicos específicos poderão auxiliar o desenvolvimento neurológico. A convivência com outras crianças e a participação na vida social da família auxiliarão seu desenvolvimento emocional. Há profissionais, clínicas e escolas que podem orientar no trabalho de estimulação e quanto as atitudes mais adequadas na educação.

A síndrome de Down tem graus?

Não existe classificação em graus para a Síndrome de Down. Todavia, tanto os sinais clínicos como o desenvolvimento motor e mental apresentam variações. Assim, como cada criança é diferente das demais, as crianças com Síndrome de Down também se desenvolvem diferentemente umas das outras, mas a diferença não é medida em graus. Entretanto, a deficiência intelectual está presente na síndrome e essa deficiência é passível de mensuração. Assim, pode-se falar em grau de deficiência intelectual, mas não de síndrome de Down.

Como é a saúde de quem tem a síndrome?

Existem alguns problemas e doenças que as pessoas com Síndrome de Down têm com maior frequência, tais como:
– Malformação cardíaca
– Malformação do intestino
– Imunodeficiência
– Problemas respiratórios
– Problemas de visão e audição
– Problemas odontológicos

É conveniente, em qualquer dos casos, procurar a orientação para o tratamento adequado.

Como é a personalidade da pessoa que tem essa síndrome?

Cada pessoa tem uma personalidade própria, diferente das demais. Do mesmo modo, a pessoa que tem a síndrome também tem sua personalidade, que depende, em grande parte, de suas experiências. A teimosia e a birra têm sido associadas à criança com Síndrome de Down mas, geralmente essas reações estão ligadas às experiências de vida e à situação que ela está vivendo.

Como a criança deve ser educada?

A criança deve ser educada e disciplinada como qualquer outra criança. Os pais devem ensinar os limites, não permitindo que ela faça tudo o que quiser Há necessidade de maior cuidado e atenção, pois a criança pode demorar mais para aprender as regras e compreender o funcionamento dos ambientes. Devido à agitação, à birra e à teimosia é necessário maior firmeza na educação da criança, mas é importante não cercar a pessoa com Síndrome de Down de cuidados excessivos ou muita proteção. Apesar de ter algumas limitações, ela não deve tornar-se o centro da família, deve ser uma parte dela, como as outras pessoas.

Como é a escolarização da criança que tem síndrome de Down?

Busca-se a inclusão escolar da pessoa com síndrome de Down. Na fase da educação infantil geralmente não há dificuldade na adaptação das crianças, pois são utilizadas brincadeiras e exercícios físicos para ensiná-las. No ensino fundamental e no ensino médio pessoas com Síndrome de Down tem desempenho variável na escola, as limitações cognitivas podem gerar dificuldades para acompanhar uma sala de aula comum. Por isso, devem ser feitas adequações de acordo com o desempenho encontrado. A prática da inclusão significa manter a pessoa no ensino regular, procurando atender suas necessidades específicas sem afastá-la do convívio com estudantes que não tem limitação cognitiva.

Pessoas com Síndrome de Down tendem a precisar de elementos explícitos para compreender as mudanças que ocorrem num ambiente. A percepção daquilo que acontece muitas vezes fica ligada a alguns elementos da realidade e o pensamento abstrato pode ser insuficiente para compreender porque mudanças devem acontecer. Para contornar essas dificuldades é importante manter a consistência nas rotinas da pessoa, e quando houver necessidade de mudanças, prepará-la para a transição de uma situação para outra. A consistência é facilitadora e confortável para pessoas que têm Síndrome de Down, pois em geral, é difícil integrar e generalizar as informações; a consistência também ajuda a aprender as atitudes adequadas e compreender regras de funcionamento de um ambiente. Quando a pessoa inicia o processo de socialização, a repetição de comportamentos sociais esperados facilitará o desenvolvimento. Por exemplo, comportamento de cumprimento e despedida do dia-a-dia são oportunidades de repetição que levam à prática de habilidades sociais e mostram a expectativa existente quanto a comportamento e linguagem.

E a alfabetização?

Acreditava-se que pessoas com Síndrome de Down não pudessem ser alfabetizadas. A abertura de oportunidades e a utilização de técnicas de ensino adequadas mostraram que a possibilidade existe e deve ser explorada. Em propostas filosóficas educacionais construtivistas, em que se espera que o(a) estudante tenha autonomia e estabeleça relações, a pessoa com a Síndrome necessita de caminhos e apoio na organização de informação. O professor e a família podem contribuir com sistematizações e repetições de atividades. Material extra e organização dos conhecimentos podem favorecer muito nesse processo. Pessoas com Síndrome de Down podem aprender a ler e escrever,

As limitações cognitivas presentes na Síndrome de Down, em graus que variam de pessoa para pessoa, alteram o ritmo de aprendizagem, o processamento de informação e também há alteração na memória visual, memória auditiva, atenção e motivação. Essas alteraçòes tornam a aprendizagem diferente, muitas vezes mais lenta, mas não impossível.

Como deve ser feita a educação sexual?

Aos poucos e de acordo com a curiosidade da criança e com sua capacidade de compreensão, os pais e os profissionais terão oportunidade de explicar como nosso corpo funciona e as diferenças entre homens e mulheres e, fornecer informações que ajudem a criança a lidar com determinadas situações, como por exemplo, preparar a menina para a primeira menstruação. A educação sexual não é dada num único dia. Desde pequena a criança tem curiosidade por tudo que a cerca, e o sexo também desperta sua atenção. Isso para ela é tão natural como qualquer outra coisa. Essa naturalidade continuará se as pessoas conversarem espontaneamente sobre sexo com ela.

A Família

A família é o primeiro grupo de convivência de uma pessoa e exerce influência decisiva em seu desenvolvimento. Embora seja um conjunto, a família funciona como unidade em que as partes estão não somente reunidas, mas inter-relacionadas e a ação de uma pessoa influencia a ação de outra pessoa do grupo e também é influenciada por ela, sucessivamente, numa reação em cadeia. Dessa forma a mudança em uma parte provoca mudança nas outras. Na medida em que há um relacionamento contínuo entre as partes cria-se, ao longo do tempo, um padrão previsível de funcionamento, cuja organização pode ser funcional ou disfuncional, mas que mantém o equilíbrio, possibilitando a sobrevivência.

O menor sistema relacional estável é formado por uma relação triangular, um sistema de três pessoas, que ele considera uma molécula sistêmica (Bowen, 1978). Um sistema de duas pessoas é considerado instável, pois é uma relação exclusiva que não permite a diferenciação de nenhuma das partes.

Na relação triangular, em momentos de calma, há um par que se sente adequado e confortável e um estranho, em uma posição externa, que não tem o mesmo sentimento. Esse desconforto faz com que o elemento de fora procure unir-se a um dos elementos do par, formando um novo par e deixando outro elemento na ponta externa, desta forma é criada uma nova configuração.

O triângulo relacional é dinâmico e está constantemente em movimento e, em situações de tensão, um dos elementos é afetado e busca um novo equilíbrio. Em momentos de estresse, a parte externa do triângulo é a mais cômoda. Se há uma tensão, cada um quer se distanciar da tensão do par. Quando não é possível resolver a tensão, uma quarta pessoa é envolvida e movimenta novamente o triângulo.

Na família, o triângulo básico é formado por pai-mãe-filho, em que as partes podem se suceder nas posições representadas pelo triângulo. Essa movimentação também ajuda a definir os subsistemas que podem se formar dentro do sistema familiar. Os subsistemas podem ser formados por geração, gênero, interesse, função ou situações que associem os membros do grupo em um determinado momento. Cada membro da família pertence a vários subsistemas, os quais envolvem relações complementares. Assim, o marido pode ser o filho mais novo em sua família de origem e pai, além de esposo, em sua família atual.

A possibilidade de pertencer a diversos subsistemas permite que os membros da família exerçam funções únicas e diferenciadas, promovendo a diferenciação e o estabelecimento de uma identidade própria (Andolfi, 1989).

A família é um grupo que procura a autopreservação e, para manter a continuidade, pode modificar padrões existentes, tornando-os viáveis para a situação que está sendo vivida. A modificação acontece porque, embora funcione como um todo organizado, a família mantém um espaço de desenvolvimento individual em que os membros podem se diferenciar. Esta diferenciação das pessoas traz aspectos novos aos quais o grupo deve se adaptar. Entretanto, a continuidade entre as gerações é assegurada por meio da rotina, regras e rituais que preservam o grupo familiar (Cerveny, 1994).

A função do sistema familiar é, ao mesmo tempo, promover o sentido de pertencimento e de diferenciação. A família atua como uma matriz de identidade, que possibilita ao indivíduo definir quem ele é. O sentido de pertencimento aparece quando o indivíduo se adapta ao grupo familiar, sendo um elemento de um sistema específico (Minuchin, 1990) e a diferenciação aparece quando um membro da família busca sua autoexpressão dentro do sistema constituído.

A família passa por mudanças durante seu ciclo evolutivo. Ao se formar o grupo atravessa estágios que definem sua formação e configuração, amadurecimento e consolidação; as fases de transição envolvem tensões acentuadas. O ciclo vital da família brasileira pode ser compreendido em quatro etapas que não acontecem de forma rígida, mas que mostram as principais alterações em função do desenvolvimento dos filhos e da vida do casal (Cerveny, 1997). Essas etapas são:
– fase de aquisição, em que os principais objetivos são as aquisições de um modo geral (um lugar para morar, um emprego que possibilite a sobrevivência, um carro, um seguro-saúde)
– fase adolescente, marcada pela entrada dos filhos na adolescência, o que provoca mudanças na família e altera a autopercepção dos pais, levando-os a se preocupar com a própria aparência, com o futuro, revendo posições e fazendo reformulações
– fase madura em que os pais cuidam de duas gerações, seus filhos e seus pais que estão envelhecendo (a possibilidade de perda é maior nessa fase, que é marcada pelo luto)
– fase última na qual os filhos saem de casa e o casal volta a ficar novamente só. Também é a fase da aposentadoria que traz uma realidade de vida bastante diferente para aqueles que trabalhavam, tanto no sentido da atividade como no sentido financeiro. À medida que evolui no ciclo vital, a família organiza-se e cria formas de preservação, são formas de pensar, agir e sentir que caracterizam o grupo e são aprendidas por seus elementos, ajudando a atribuir significados às experiências, de forma a dar sentido ao que é experienciado. Desse modo, a pessoa quando nasce encaixa-se neste sistema pré-ordenado, que já tem um lugar previamente reservado para ela.

Um bebê com Síndrome de Down (SD) na família

Há muita expectativa quanto ao nascimento de um bebê, e os pais sempre esperam que seus filhos nasçam saudáveis. Quando nasce uma criança com síndrome de Down (SD), muitos os pais ficam surpresos, chocados e podem ter sentimentos de perda e rejeição. Nesta fase, há muitas dúvidas sobre a síndrome e suas causas, por isso os pais podem supor que cometeram algum erro e se sentirem culpados.

À medida que a situação se torna mais clara, e que o conhecimento de que a ocorrência da síndrome não pode ser controlada, pois é causada por um acidente sobre o qual não há controle, esses sentimentos poderão ser superados. Sentimentos de insegurança e incerteza, bem como dúvidas sobre como tratar a criança e o que o futuro lhe reserva podem surgir. Se isso acontecer, é necessário buscar informações corretas, através de médicos, profissionais especializados ou mesmo pais que também tem um filho ou filha com síndrome de Down, isso poderá ajudar a compreender melhor a situação e seus desdobramentos.

A criança com síndrome de Down e seus irmãos

Os pais devem procurar não superproteger a criança que tem a síndrome, evitando cuidados excessivos e interferindo o menos possível nas brincadeiras e brigas entre irmãos, permitindo que cada uma tenha suas atividades e sua liberdade. Se os pais tratam a criança com naturalidade, os irmãos também o farão. Não se deve tratar a criança como se ela fosse mais fraca, indefesa ou “diferente”, fazendo exigências ou restrições especiais aos outros irmãos, eles poderão se sentir culpados, com pena, raiva ou com responsabilidade excessiva. Deve-se evitar que a criança com Síndrome de Down se torne o centro da família ou alvo de atenções exageradas, para que seu desenvolvimento não seja prejudicado pelo excesso de atenção e para que os outros filhos não se sintam em segundo plano.

A pessoa com síndrome de Down faz parte da família, mas não deve ser seu centro.

Como dizer aos irmãos que a criança tem a síndrome

Se os irmãos forem pequenos, não evite sua presença para falar daquele que tem Síndrome de Down, evite cochichos, pois isso cria uma atmosfera artificial; ouvindo os pais conversarem com naturalidade, eles aceitarão naturalmente na medida que crescem. Se os irmãos tiverem idade para compreender, poderá ser dito que o irmão com Síndrome aprenderá as coisas um pouco mais devagar do que eles mesmos aprenderam.

Muitas vezes os irmãos começam a compreender melhor a síndrome de Down quando estudam as alterações genéticas na escola e começam a perguntar para reunir as informações anteriores aos conhecimentos adquiridos. Nessa fase, a família pode conversar e reunir as experiências com as informações e conhecimentos sobre a síndrome.

Perguntas de outras pessoas

Procure dizer às pessoas conhecidas que a criança tem a Síndrome, que é um atraso no desenvolvimento, que não é uma doença contagiosa ou infecciosa. Isso poderá evitar situações desagradáveis, e as pessoas se sentirão mais a vontade para conversar com você a respeito da criança.

A pessoa com Síndrome de Down pode ter filhos

Poucos homens com Síndrome de Down se reproduziram, de acordo com a literatura especializada, embora existam exemplos de reprodução masculina. As mulheres podem menstruar e engravidar. Entretanto, devido à deficiência mental, os pais com Síndrome de Down poderão ter dificuldade de educar a criança adequadamente e precisam de ajuda para gerenciar a vida em família. Além disso, o risco genético de nascer uma criança também com Síndrome é alto (cerca de 50%). Convém que os pais procurem a orientação de um ginecologista quando a menina com Síndrome de Down chega à adolescência e tem a sua primeira menstruação.

A vida da pessoa com Síndrome de Down

Cada vez mais a pessoa com Síndrome de Down tem vida independente quando adolescente e adulta. Quando tem interesse e oportunidade, pode avançar na vida escolar e ter formação universitária. Muitas vezes ela escolhe outras atividades que possibilitam o desenvolvimento profissional. A vida social é necessária para ela como para qualquer outra pessoa e deve praticar esportes, viajar, frequentar festas, namorar. Quanto ao casamento, muitas vezes há o desejo de casar e a família deve ter em vista sua capacidade de assumir uma família e administrar os bens, além do fato de haver possibilidade de ter filhos também com Síndrome de Down. Entretanto, há exemplos de pessoas com a Síndrome que se casaram e foram bem-sucedidas. Quando são preparadas para a vida independente desde o início do desenvolvimento, as possibilidades de sucesso são grandes.

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