Nos dias de férias, as crianças em idade escolar têm suas tarefas diminuídas e com isso os pais (cuidadores) também podem relaxar. Quando trata-se de crianças com deficiência intelectual, além de férias da escola, também há um período de recesso nas terapias que estimulam o desenvolvimento. Então, é interessante parar tudo? Sim, é interessante a criança e a família terem tempo livre e sem compromissos, e neste tempo as aquisições anteriores podem ser consolidadas. Além disso, as férias podem ser um período favorável para a criança ter outras vivências, como a realização de ações independentes em seus cuidados pessoais. Muitas vezes, na correria do dia a dia, há poucas oportunidades para a pessoa com deficiência realizar suas tarefas em seu próprio ritmo.
Nas férias, a higiene, o ato de vestir-se e de alimentar-se podem ser realizados no tempo da criança e não no tempo dos compromissos assumidos. Algumas vezes, a criança precisa de meia hora para vestir a camiseta e ela pode ter esse tempo, até que adquira a habilidade de realizar esse ato com mais rapidez. Experiências como essa podem ajudar a pessoa a tornar-se mais independente no futuro.
Então, nas férias os pais vão ter mais trabalho? Não necessariamente. Esses “exercícios” não devem ser rígidos, podem ser feitos todos os dias em algum horário confortável para a família. Por exemplo, se a criança deve aprender a alimentar-se sozinha, essa oportunidade deve acontecer em uma das refeições, não em todas. Se ela deve aprender a vestir-se sozinha, pode fazê-lo em uma das trocas de roupa.
Essas são oportunidades não devem sobrecarregar a família e podem ajudar a criança a conquistar sua independência.
SP 17 de julho de 2017
Sonia Casarin
Psicóloga com doutorado em Psicologia Clínica e pós-doutorado em Psicologia Educacional. Foi coordenadora do Projeto Down; docente do curso de Pós graduação em Educação Inclusiva do Instituto de Educação Vera Cruz e do curso de especialização em Síndrome de Down do CEPEC-Centro de Estudos e Pesquisas Clinicas. É mediadora do PEI-Programa de Enriquecimento Instrumental, mantém atividade clínica e é autora do livro “Talento e Deficiência-como incluir alunos com diferentes tipos de inteligência”.